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Larissa Oliveira
Sergipana e professora bilíngue, admira os mais diversos tipos de arte e já teve seu momento Twin Peaks, além de epifania ao ler o romance que dá nome a este blog, A Redoma de Vidro de Sylvia Plath. Este Blog nasceu em 2014 e é dedicado a críticas de filmes, livros, séries e música, sendo que as dos três primeiros contêm spoilers. Boa leitura!

Crítica: Pretty Baby (1978)



A história de Violet em Menina Bonita (1978) é a mesma de milhares de crianças que são sexualizadas desde cedo. Mesmo sendo crime, a prostituição e pornografia infanto-juvenil se camuflam sob diversas formas. Há a justificativa de que as meninas estão amadurecendo mais cedo, e é a que vemos na obra do cineasta francês, Louis Malle em sua estreia Hollywoodiana. Ambientada num bordel em Nova Orleans por volta de 1917, a filha da prostituta Hattie (Susan Sarandon),  Violet (Brooke Shields) cresceu nesse espaço e se familiarizou com a sua rotina. Nada passa despercebido para ela, chegando a observar sua mãe na cama com outros. O início do século XX é fortemente marcado por uma sociedade aristocrata e patriarcal, na qual os bons costumes ditam as regras, e aqueles à margem dela eram considerados insignificantes. Era assim a vida das meretrizes da época. Seu único valor se encontrava em vender o corpo aos mais abastados da sociedade. O bordel era legalizado por ser o único lugar autorizado a acolher a promiscuidade. Classes, política, moda, tudo era permitido falar sobre, mas as mulheres dali não tinham voz afora.
Hattie ambiciona se tornar uma mulher '' respeitável'' nos moldes da feminilidade. E em que contexto as palavras respeito e mulher se encaixavam naquele tempo? Somente no plano matrimonial, em que sua submissão e privação eram seus únicos meios de ser vista com bons olhos pela sociedade. O pensamento ainda é atual, porém, somente para quem se acomoda à luz da ignorância. Deixando o bordel para se casar, Hattie encaminha a filha para a polêmica venda da sua virgindade. Posta como uma manequim de vitrine, Violet não teme as consequências, na verdade, ela anseia por esse momento, brindado por todos presentes, exceto por um fotógrafo, amigo da família. Bellocq (Keith Carradine) é fascinado pela beleza da garota, mas a enxerga como uma criança. O tratamento entre os dois começa a se diferenciar após Violet demonstrar sua paixão por ele. Antes receoso, Bellocq a propõe em casamento, a fim de tirá-la daquele meio. Mesmo assim, o relacionamento dos dois se aproxima mais a de um entre pai e filha. Com a inocência perdida, Violet não aceita mais ser vista dessa forma, decidindo fugir do seu novo lar. A sua  falsa independência a leva ao seu retorno ao bordel, que em meio a manifestações de puritanos, recebe um mandato de fechamento.



O final de Violet é diferente do das prostitutas com quem convivia. Indo morar com a sua mãe  e o  padrasto, a menina tem acesso à educação e a outros espaços que antigamente não poderia alcançar. No entanto, o close no seu olhar revela a transgressão sem volta, a ingenuidade da sua idade havia se perdido. É esse o ponto que merece ser debatido sobre o filme. A ideia de que pré-adolescentes já são maduras sexualmente é mascarada por uma sociedade que não censura devidamente o alcance dos materiais ilegais para o menor, que por falta de discernimento se deixa influenciar facilmente pelo que lhes é exposto. Sendo assim, da mesma forma que a obra de Louis Malle é um material de crítica social, também pode servir de material pornográfico por conta das cenas de nudez da atriz Brooke Shields. Décadas após seu lançamento, o combate a pornografia infantojuvenil ganha uma maior fiscalização. Porém, do outro lado, não tolerar conteúdo sexual para o menor pode distorcer a sua concepção e levá-lo à fácil sedução. O caso é bem mais complexo que isso, falo aqui no sentido da sedução de menores por maiores. Em relação a meninas que sexualizam seus corpos, esses fatores e outros corroboram  para tal. Vale enfatizar que o respeito a diferentes orientações sexuais não se encaixa na discussão. A visão de que a exposição de casais homossexuais em atividades não sexuais deturpa as crianças é errônea. O único propósito de se discutir mais sobre pedofilia com menores é para que estejam atentos aos sinais e se esquivem, e enquanto à homossexualidade, a discussão se volta para a tolerância. A objeção da sociedade condenadora se dá pela natural sexualização de casais homoafetivos, acreditando-se que sua união é apenas para fins promíscuos e nada mais. 
A crítica poderia se estender a meios em que o sexo, drogas são difundidos e reflexo da cultura local. Mas, a problemática é geral e precisa ser discutida considerando qual a infância de hoje. Até que ponto o público infantojuvenil é considerado maduro o suficiente para ser apresentados ao mundo sexual? Enfim, apesar de uma fotografia impecável e atuações memoráveis, o filme traz uma protagonista fictícia e que trazia consentimento familiar nas filmagens, mas que infelizmente, foi e é o retrato de tantas meninas desprotegidas na vida real. 


Comentários

  1. ´Assisti ao filme ontem.
    História rídícula, sem pé nem cabeça e pior de tudo é uma criança apresentada no filme como um objeto. Sinceramente, esse filme tem pedofilia! Que decepção esse filme!

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    1. Faz mais de 30 anos que a história foi feita, é realmente um absurdo nos dias de hoje ;(

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  3. Uma menina sexualizada de uma maneira absurda! Um triste filme de uma triste realidade de inúmeras garotas :(

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  4. É um filme muito forte, difícil de se ver e compreender. Fico muito triste ao pensar que até hoje pré-adolescentes são tão sexualizadas.

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  5. Mostra bem a hipocrisia dos cidadãos de respeito que vão ao bordel; mostra também como um homem adulto, coisa muito comum até hoje no Brasil, se apaixona e casa com uma criança. Violet era uma pobre coitada que não tinha pra onde ir, mas foi só sua mãe aparecer, que a menina largou o fotógrafo na hora. Fiquei chocada de ver aquela menininha nua atuar sem cerimônia. Ainda bem que a fiscalização aumentou no cinema... Porém, na vida real, ainda vemos muitos homens explorando a inocência e a pobreza das meninas. Cultura das novinhas é um exemplo.

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    1. Concordo. Isso era socialmente aceitável na sociedade da época quando a mulher não ti há o respaldo que tem hoje. Essa ainda é a realidade nua e crua das meninas exploradas na prostituição e os rufioes merecem punição severa pelos males infligidos às crianças e adolescentes e essas vítimas precisam da proteção do Estado e do respeito das pessoas de bem pra que a gente viva numa sociedade decente onde as famílias são respeitadas.

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  6. Ainda bem que nos dias de hoje um filme assim não seria possível.

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  7. Como a mãe de uma criança,no caso a Brooky Shield,permite fazer um filme em que ela fica quase nua e muito sensualizada para a idade de 13 anos? Para mim é errado hoje é seria antes também.Filme com uma proposta de romance e época que explora a pedofilia. Não indico a ninguém ver.

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  8. Interessante crítica. Acho que não cabe falar sobre a infância da atriz, o filme tem mais de 30 anos. Cabe falar sobre as milhares de crianças sexualizadas, exploradas e violentadas em idade ainda mais jovens. Meninas de 9, 10, 11 anos ou mais jovens ainda são violentadas e não têm ngm para defende-las. Então, qm ficou mt nervoso com um filme tão antigo faça algo pelas crianças de agora.

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    1. Oi LC, concordo plenamente contigo! Agradeço o comentário.

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    2. Voces juram? O filme retrata a pedofilia cometendo pedofilia e exploracao de menores.

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    3. O filme não cometeu pedofilia nem exploração de menores.

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  9. Acho que o filme tem seu mérito, se não fosse as chocantes cenas de nudez de Brooke Shields, o que torna o filme incômodo. Mas na época os filmes apelavam mesmo, basta ver "Picote" e a bomba "Amor Estranho Amor". Hoje em dia, ainda bem, tais cenas não seriam permitidas.

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  10. Parabéns pela postagem. Estou buscando parcerias com troca de links ocultos em palavras de posts. Contato: Link: https://vitrinediversificada.blogspot.com/

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