A Redoma de Vidro de Sylvia Plath

Já leu aquele livro em que você se espelha em tantas partes que parece que foi você que o escreveu ? Então, para mim,'' A Redoma de Vidro'' (The Bell Jar) escrito por Sylvia Plath, é uma obra que citarei sempre que possível na tentativa de explicar certas emoções da minha vida. O romance retrata a história de Esther Greenwood, uma jovem estagiária de uma revista de moda feminina ,que após algumas atrocidades em sua estadia em Nova York (como não saber o que dizer a sua chefe sobre o queria fazer após a faculdade) ―Ela quer ser tudo – disse Jay Cee '' , retorna a Massachusetts onde ocorre o seu momento de consciência.
Essa noção de que temos que decidir o nosso futuro ainda jovens, a pressão constante prende algumas pessoas a uma espécie de redoma de vidro.
“Às vezes eu sonho com uma árvore e a árvore é minha vida. Um galho é o homem com que me casarei e as folhas meus filhos. Outro galho é meu futuro como escritora e cada folha é um poema. Outro galho é uma brilhante carreira acadêmica. Mas assim que sento ali tentado escolher, as folhas começam a ficar marrons e a cair, até que a árvore está completamente nua”.
Um lugar em que você se limita do mundo exterior e é difícil escapar dele. Essa se tornou a vida de Esther .Quando retorna a Massachusetts , ela põe sua esperança em um curso de redação que ambicionava e acaba não conseguindo uma vaga. Com sonhos que não se realizam, a personagem entra na redoma de forma gradual. Passa semanas sem lavar o cabelo, dias sem dormir , até que seu desgaste mental a leva a primeira tentativa de suicídio.
'' Para a pessoa que estava na redoma de vidro, apagada e interrompida como um feto morto, o mundo em si era o sonho ruim. Um sonho ruim.''
A tentativa não foi bem sucedida, nem as duas seguintes , fazendo com que Esther fosse internada num hospital psiquiátrico. É notório uma certa semelhança com o romance ''Veronika decide morrer'' do escritor Paulo Coelho. Ambas protagonistas tentam suicídio e suas experiências nos hospitais psiquiátricos são relatadas. Porém, enquanto a jovem Veronika já havia alcançado tudo que queria na vida mas mesmo assim havia um vazio dentro dela , e a história termina como o sentido de sua vida ter sido recuperado através do amor, Esther não havia alcançado seus sonhos e após seus tratamentos com choques elétricos, fica em aberto ao leitor se ela havia se libertado da redoma ou se ainda estaria presa a ela. Foi impossível não me encontrar nessa personagem. Como caloura em uma faculdade, tenho meus medos e esperanças pro futuro que podem me fazer desejar permanecer ou não no conforto da minha redoma. Sim, tive minha epifania ao ler esse livro e reconhecer minha própria limitação. Em uma certa tentativa de se livrar dela, Esther assume um papel feminista que não era comum a sua época. Ela decidiu com quem perder sua virgindade, decidiu se prevenir e não se prender ao homem a quem se entregou , ou seja, respirou um ar libertário.
O livro inspira ainda hoje milhares de jovens na reflexão sobre os passos que temos que seguir .Um processo sobre como você se sente, se está tudo ok com suas ambições; se você sabe qual o seu papel na sociedade. Uma série de reflexões que levou a autora Sylvia Plath, que escutou a velha pancada do coração sozinha e sufocada, a romper com a sua redoma da única forma de libertação que muitas mulheres tinham em outros tempos.
NOTA : '' Dance in the dark '' é uma canção da cantora Lady Gaga que fala sobre mulheres que não conseguem acompanhar os passos que lhes são impostos na vida. Lady Gaga faz analogia à coreografia de uma dança, e cita algumas artistas que tiveram um fim trágico por apenas poderem dançar no escuro. Entre elas estão Sylvia Plath e Marilyn Monroe.
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