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Larissa Oliveira
Sergipana e professora bilíngue, admira os mais diversos tipos de arte e já teve seu momento Twin Peaks, além de epifania ao ler o romance que dá nome a este blog, A Redoma de Vidro de Sylvia Plath. Este Blog nasceu em 2014 e é dedicado a críticas de filmes, livros, séries e música, sendo que as dos três primeiros contêm spoilers. Boa leitura!

Gia Carangi : '' Bonita Demais para Morrer e Selvagem Demais para Viver ''

                             


Eu costumava admirar modelos famosas como Kate Moss e Gisele Bündchen não por suas respectivas histórias de vida, mas sim pelo glamour que ser modelo representava. Isso durou até eu assistir ao filme sobre a primeira das super models, Gia Carangi. O filme se chama Gia- Fama e Destruição, é estrelado por Angelina Jolie e lançado pela HBO em 1998; Gia era caixa de uma lanchonete na Filadélfia e chamou atenção pela sua beleza natural  sendo convidada para uma sessão de fotos em Nova Iorque em 1979. Ali, ela já demonstrava sua íntima e espontânea relação com a câmera  ao posar voluntariamente nua ao lado da maquiadora e futuramente seu único amor, Sandy Linter. Logo foi capa da ilustre Vogue e assim, decolava para uma intensa carreira repleta de altos e baixos. Não só sua beleza natural se destacava, sua personalidade também. É de Gia a famosa citação ''Nenhuma mulher é verdadeiramente mulher se não for loira'', que fazia referência à Sandy. Sua orientação sexual, seu jeito masculino de se vestir e suas idas as mais badaladas festas de Nova Iorque até então, proporcionaram à Gia o glamour do mundo da moda. Contudo, em 1980, uma tragédia mudaria o curso da sua vida. Sua agente e confidente pessoal, Wilhelmina Cooper, morre de câncer deixando Gia só e devastada. No ano seguinte, perde também um amigo fotógrafo. A relação da top model com os pais não era boa e, por isso, ela depositava toda a sua carência nos amigos mais próximos que adquiriu nesse meio. As drogas então, passaram a ser suas melhores amigas e seu declínio foi rápido. Suas marcas de seringa nos braços eram notadas pelos fotógrafos e assim suas oportunidades de trabalho foram diminuindo; seu dinheiro também, tendo que recorrer várias vezes a tentativas frustradas de se livrar da heroína. Em 1982, um dos poucos amigos que ainda apostavam em Gia, o fotógrafo Francesco Scavullo, conseguiu sua capa na revista Cosmopolitan. Porém, essa capa polemizou ao mostrar os braços da modelo escondido , revelando a sua ainda dependência.
Os seus últimos anos foram marcados por prostituição, sendo violentada várias vezes,  e a descoberta da  AIDS em seu corpo, doença que naquele tempo era um tabu e não tinha tratamento. Sendo assim, o seu corpo se definhou rapidamente, morrendo em 1986 após seus músculos se soltarem das costas. Antes de morrer, pediu que sua mãe criasse uma fundação em seu nome para alertar às pessoas sobre a sua tragédia. O seu nome vai estar sempre ligado a uma mulher que lutou contra seus demônios e infelizmente não resistiu. Muito mais que um rosto bonito, a sua personalidade transgressora é eternamente admirada por muitos. As suas sucessoras devem muito às barreiras que ela rompeu sobre ser modelo. O brilho muitas vezes só está nas passarelas, muitas Cindy Crawfords, Naomis por aí, já deslizaram e provaram que não há perfeição nesse meio. A história de Gia vai muito além do que estou contando aqui. A produção da HBO sobre sua vida, é perfeitamente protagonizada por Angelina Jolie, que ao confrontar a complexidade que esse papel trouxe, afundou-se na mesma escuridão que Gia. No entanto, Angelina reconheceu como Gia não é diferente das várias pessoas que sofrem perdas e tentam preenchê-las com algo, muitas vezes, destrutivo





À esquerda Gia e Sandy  e em seguida a reprodução cinematográfica da foto
                                            À esquerda Gia e Sandy  e em seguida a reprodução cinematográfica da foto.


                                                                      A citada capa de 1982


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