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Larissa Oliveira
Sergipana e professora bilíngue, admira os mais diversos tipos de arte e já teve seu momento Twin Peaks, além de epifania ao ler o romance que dá nome a este blog, A Redoma de Vidro de Sylvia Plath. Este Blog nasceu em 2014 e é dedicado a críticas de filmes, livros, séries e música, sendo que as dos três primeiros contêm spoilers. Boa leitura!

Crítica: Still Alice (2014)


Baseado no romance de 2007 da escritora Lisa Genova, Still Alice (Para Sempre Alice, em português) relata a história de uma renomada professora de Sociolinguística da Universidade de Columbia  que tem sua vida modificada  após receber o diagnóstico da doença de Alzheimer. Em uma performance memorável, Julianne Moore terá que lidar com a difícil tarefa de aos poucos, abandonar tudo aquilo que já foi algum dia. Uma antítese incontestável  para uma protagonista que trabalha com a cognição e  com a utilização do signo linguístico os quais  a põe, então, como uma aprendiz. Adicione a isso o fato de que seu tipo de Alzheimer é hereditário. Sua família está em processo de transformação, o que torna mais doloroso esse processo de esquecimento. Seu marido, interpretado por Alec Baldwin tem a oportunidade de trabalhar em outra cidade; sua filha Lydia interpretada por Kristen Stewart, atuará em uma peça importante, sua outra filha Anna está grávida de gêmeos.

Pacientemente , ela vai aceitando sua nova situação e com o auxílio da tecnologia,  organiza métodos como agendar seus passos diários em seu celular. O que a protagonista não contava é que, por causa da sua capacidade intelectual, a deterioração seria mais rápida. A angústia que a personagem de apenas 50 anos enfrenta é um fardo para o seu marido. Porém, é com sua filha Lydia que a carga emocional se faz presente. Os pormenores que ela  esquece, tornam-se grandiosos pela constante expressão de medo no olhar de Alice. No entanto, ela não quer sofrer e sim compreender o que está acontecendo consigo. É a '' Arte de perder ''  que a personagem quer vivenciar. Por esse motivo, a obra se direciona à reavaliação de si mesma e não ao tormento já conhecido que a doença oferece.

Em uma certa ocasião, Alice já em um estágio avançado abre  um arquivo de vídeo gravado por ela mesma no início de tudo, que contém um pedido para dar fim a essa deterioração de forma delicada. Esse encontro demonstra o lado mais íntimo de alguém que tem a doença, a escolha de não ter que viver futuramente com isso.

Algo importante a ser observado é que uma memória que não se esvanece é a da infância da protagonista. Vários flashes dela e sua irmã, falecida na adolescência, aparecem no filme. O que pode significar que apesar da doença, ela é ainda capaz de sentir a pureza desse sentimento que é o amor, ela ainda é capaz de ser parte de  Alice Howland . E isso se torna evidente ao final do filme, quando Lydia lê uma passagem de um livro querido por Alice e mesmo não lembrando de tê-lo lido, Alice sente a mesma emoção de como o estivesse lendo pela primeira vez e a define como amor. Por fim, traçando um paralelo com o filme de 2013 Blue Jasmine dirigido por Woody Allen, a personagem deste enfrenta sua degradação devido a uma crise nervosa sem apoio emocional dos familiares, mas é algo também  abstrato  encontrado na música que a recupera. Em Still Alice, a personagem encontra um apoio incondicional em sua filha e mesmo sabendo que não há cura, os alívios se encontram neste sentimento que não consegue se dissolver facilmente, o amor.




                                                                Kristen Stewart e Julianne Moore (esq à dir) em Para Sempre Alice


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