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Larissa Oliveira
Sergipana e professora bilíngue, admira os mais diversos tipos de arte e já teve seu momento Twin Peaks, além de epifania ao ler o romance que dá nome a este blog, A Redoma de Vidro de Sylvia Plath. Este Blog nasceu em 2014 e é dedicado a críticas de filmes, livros, séries e música, sendo que as dos três primeiros contêm spoilers. Boa leitura!

Resenha: O Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilder (1891)



Obra prima do autor Oscar Wilde, como aponta a edição acima, O Retrato de Dorian Gray de 1891 narra a decadência de um jovem inglês e herdeiro que entrega sua alma a uma pintura, em troca de uma eterna mocidade. Dorian Gray é a maior fonte de inspiração para o pintor Basil Hallward, que o descreve como um ser perfeito, admira sua ingenuidade e essa devoção foi tida como muito polêmica na época do lançamento do livro por sugerir uma relação homossexual entre os personagens; ao conhecer o amigo de Basil, Lorde Henry Wotton, Dorian perde aos poucos sua ingenuidade devido à personalidade satírica e hedônica de Henry, que se tornará seu grande companheiro mais a frente.
Ao pintar um novo retrato de Dorian, Basil se surpreende pela tamanha precisão e acredita ser sua melhor obra. Porém, Lorde Henry ao contemplar  o retrato, admite que o quadro seria a única lembrança da juventude e beleza de Dorian, as quais se esvaneceriam com o tempo. Mais uma vez influenciando o jovem, Dorian sente um terrível remorso e exclama em seguida:

'' [...] Ah! Se fosse possível mudar os destinos; se fosse eu quem devesse conservar-me novo e se essa pintura pudesse envelhecer! Por isto eu daria tudo!... Não há no mundo que eu não desse... Até minha alma! [...] ''

Agora com o retrato consigo, Dorian se afasta de Basil, temeroso com a ideia de outra obra lhe causar sentimento semelhante, e adota um novo estilo de vida ao lado de seu novo melhor amigo, Lorde Henry. Baseando-se no hedonismo, Dorian vive acreditando que sua beleza e  o prazer eram seus únicos propósitos. Um dia, conhece uma atriz chamada Sibyl Vane e ao vê-la atuar tão bem, apaixona-se. Quando o sentimento se torna recíproco, os dois decidem se casar. No entanto, o amor pareceu ter impossibilitado Sibyl de encenar como antes  e o encanto que Dorian sentia por ela, perde-se. Algum tempo depois, Dorian arrepende-se da forma como se desfez da jovem e antes de reencontrá-la para se desculpar, descobre que ela se suicidou. 
Ao olhar para o seu retrato novamente, nota uma modificação que o leva a acreditar que algum fator externo o tenha alterado. Fica subentendido que por ter concedido sua alma ao retrato, quanto mais se depravasse, mais isto seria refletido nele. 
O tempo passava, e mesmo envelhecendo, sua formosura permanecia intacta. Entretanto, os boatos sobre sua má conduta espalhavam-se cada vez mais pela cidade, e Dorian era constantemente acusado de desmoralizar várias pessoas com quem se relacionava. Do mesmo modo, seu retrato o aterrorizava pela sórdida caricatura que estava se tornando; é por este motivo que a obra se enquadra, para muitos, no gênero Horror.
Perto dos seus 40 anos, Dorian reencontra Basil e esse lhe conta sobre sua má reputação e o aconselha a renunciar aos seus prazeres. Contudo, Dorian culpava a todos menos a si mesmo pelos seus atos. Sua beleza podia ainda ser relevante, mas suas atitudes refletiam tanto hipocrisia quanto subversão de valores, ou seja, havia uma ambiguidade moral que ainda levanta muitas questões pertinentes nas discussões sobre o personagem.
Envolto em seu próprio infortúnio, Doria tenta destruir a tela em uma última esperança de aliviar a consciência. Mas, acaba matando a si mesmo,  como se ambos estivessem finalmente em consonância. O Retrato de Dorian Gray é uma leitura fascinante e apresenta uma linguagem carregada de detalhes, o que pode cansar a leitura, mas nada retira a importância da crítica almejada por Oscar Wilde à superficialidade da sociedade vitoriana do seu tempo.


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