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Larissa Oliveira
Sergipana e professora bilíngue, admira os mais diversos tipos de arte e já teve seu momento Twin Peaks, além de epifania ao ler o romance que dá nome a este blog, A Redoma de Vidro de Sylvia Plath. Este Blog nasceu em 2014 e é dedicado a críticas de filmes, livros, séries e música, sendo que as dos três primeiros contêm spoilers. Boa leitura!

Crítica: O Artista (2011)


Com a alta tecnologia cinematográfica atual, é raro encontrar fãs do cinema mudo da década de 20. O Artista, se encarrega de contar como essa fase próspera entrou em decadência com o avanço da tecnologia, por meio da história de dois atores que terão suas vidas completamente transformadas em vista disso. Para muitos, não deve ter sido difícil escolher entre esse filme e algum em 3D no ano de 2011 no cinema. No meu caso,  assisti pela primeira vez já na sua metade, pela TV, mas senti a mesma sensação de quando vejo um 3D, não consegui piscar meus olhos.
Logo no início do longa, vemos o artista George Valentin em ação. Seu mais novo filme "A Russian Affair" é aplaudido numa sala lotada e em seguida o vemos fora da tela saudando o público ao lado de seu cachorro, e fiel companheiro. Adorado por uma legião de fãs, é quando conhece por acaso uma delas, que a sua vida se transforma. Peppy Miller é aspirante à atriz, e reencontra George numa mesma audição. Ambos sapateiam de forma sincronizada e a sintonia se dá de forma natural, mesmo assim, ela é rejeitada  pelo chefão do estúdio e diretor, Al Zimmer.
Porém,  já no fim da década de 20, a chegada do som marca o fim do auge da carreira de George. Em uma cena, após ser expulso do estúdio por não concordar com a novidade, George desce as escadas enquanto Peppy as sobe, e o conta sobre seu novo contrato. Orgulhoso demais para se adaptar, ele produz seus próprios filmes mudos, sendo um fracasso de bilheteria. Enquanto isso, Peppy ascende na carreira com sua imagem icônica um sinal feito a lápis no rosto que George ajudou a criar quando ela menos acreditava no seu talento.


Falido, George entra em depressão. Em um pesadelo, os objetos ao seu redor ganham ruídos  ao passo que não consegue ouvir a própria voz. Esse recurso utilizado pelo diretor Michel Hazanavicius nos surpreende tanto quanto o personagem pela aparição do som. Aliás, não é só isso que nos transporta à época. A incorporação da dupla George (Jean Dujardin) e Peppy (Bérénice Bejo) se torna fidedigna por meio de fortes expressões corporais. O ator me cativou da mesma forma que seu cão, que rouba a cena ao guiar o seu abatido dono. É incomum ver que, apesar de se dispor da tecnologia atual, O Artista tenha ganhado vários prêmios no Oscar. O único filme mudo que ganhou antes  foi  Asas, no ano em que ocorreu a primeira edição da premiação. O filme de 2011 homenageia de forma exemplar o que foi essa era tão apagada da história cinematográfica.
Cada cena é um deleite,vemos gradativamente a virtuosa Peppy recuperar a autoestima de George, comprando vários de seus pertences no leilão, obrigando o chefão a deixá-lo participar de um dos seus filmes. O orgulho de George dá um trégua ao reconhecer todo o esforço de Peppy e os dois participam de um musical juntos.  Ao fim da apresentação, notamos a gratidão de George ao retornar às telas. '' Com prazer '' ou “wiz pléjure” considerando o sotaque francês do ator, diz ele ao ser perguntado se poderia repetir a dança. Sim, a voz do artista é finalmente ouvida. Essas duas palavras parecem resumir precisamente a sensação que atuar lhe proporcionava.





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