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Larissa Oliveira
Sergipana e professora bilíngue, admira os mais diversos tipos de arte e já teve seu momento Twin Peaks, além de epifania ao ler o romance que dá nome a este blog, A Redoma de Vidro de Sylvia Plath. Este Blog nasceu em 2014 e é dedicado a críticas de filmes, livros, séries e música, sendo que as dos três primeiros contêm spoilers. Boa leitura!

Crítica: The Royal Tenenbaums (2001)


Se apenas uma palavra pudesse definir  as obras do diretor Wes Anderson, ela seria genialidade. Característica que poucos cineastas apresentam atualmente, e que é mais evidente no seu último, e melhor filme na minha opinião, O Grande Hotel Budapeste (2014). Foi em 2001, com o filme Os Excêntricos Tenenbaums que Wes é reconhecido pelo seu talento único. A trama tinha tudo para ser clichê por se tratar de um núcleo familiar e suas desavenças. No entanto, a obra vai além e oferece detalhes peculiares, o que move boa parte do filme. Royal Tenenbaum é o patriarca da família, que entre traições e pouca apatia com seus filhos, é afastado da casa pela sua esposa Etheline. Ela se encarrega da tarefa de moldar seus três filhos, crianças prodígios. Chas, aos 14 anos  é um gênio da contabilidade, que processa seu pai após roubar dinheiro do seu depósito, o que lhe gera uma mágoa de vários anos. Ele mora com seus dois filhos que se vestem iguais a Chas — e é atormentado pela morte da esposa, levando-o a realizar várias simulações de acidente. Richie tem um apreço por pássaros e se torna um tenista premiado. Sempre foi apaixonado pela sua irmã adotiva Margot, porém, sua carreira se torna um fiasco. Margot é a filha adotiva da  família, dramaturga desde nova, já tentou várias vezes sair da monotonia se aventurando com pessoas extravagantes, mas que eventualmente se casa com o psiquiatra Raleigh St. Clair e volta a sua vida sigilosa. 


Ao saber que Etheline pretende se casar com o seu contador Henry, Royal finge estar com câncer para poder se reaproximar da família novamente. Todos guardam rancor do ausente pai. Para Chas, a possível morte de Royal não rompe o desafeto entre os dois. Royal tenta passar um tempo com os netos, mas sempre é impedido e alega que o filho está passando por um colapso nervoso. Margot não consegue perdoá-lo por sempre lembrá-la de que é adotada.  A classificação de comédia dramática do filme não pode ser interpretada literalmente. A comédia de Wes se encontra  ao podermos nos habituar às situações bizarras do longa. Margot esconde seu vício em cigarro desde os 12 anos, o que deixa implícito o quão isolados eram cada um dos filhos. Os diálogos são o ponto forte do longa, muito mais do que as ações em si. Por isso, o filme remete a uma peça teatral em que os figurinos pouco se alteram  e em que um diálogo parece ser suficiente para definir o personagem psicologicamente. Porém, há a presença de um narrador, que descreve os personagens de tal forma que ficamos estranhamente familiarizados. A trilha sonora acompanha o desenvolvimento dos personagens. These Days da cantora Nico é perfeita para definir o estado de espírito de Margot.



A farsa de Royal é descoberta por Henry, o que o leva a ser expulso da casa novamente. Eli, escritor massacrado pela crítica, é amigo de infância da família e tem um caso com Margot. Raleigh e Richie contratam um investigador particular,mas no fim, Margot decide ficar sozinha. Sabendo que seu amor por ela não podia ser correspondido, Richie tenta suicídio — cena que remete ao brilhante filme francês Le feu follet — mas fracassa, e ao revelar seus sentimentos à Margot, percebe que ela poderia também ter cometido já que era solitária. Se  o retorno de Royal à casa não resolveu as intrigas familiares, o seu sincero pedido de desculpas e divórcio com Etheline abriu caminho para um novo capítulo na história dos Tenenbaums. Ele consegue o perdão de Chas, após salvar os netos de um acidente, Margot cria uma peça inspirada na história da família, e Richie começa a ensinar tênis para crianças. Após um tempo, Royal morre de ataque cardíaco, deixando seu legado por ter salvado sua família dos destroços de um navio de guerra.  O elenco é um aspecto excelente de filmes de Wes Anderson. Gwyneth Paltrow nunca teve uma legião de fãs, mas com certeza  a sua personagem se tornou um ícone. Ame ou odeie o seu estilo, as obras de Anderson são inovadoras ao escolher um roteiro inicialmente simples, e adicionar vários recursos que as tornam eternamente ricas.


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