Minha foto
Larissa Oliveira
Sergipana e professora bilíngue, admira os mais diversos tipos de arte e já teve seu momento Twin Peaks, além de epifania ao ler o romance que dá nome a este blog, A Redoma de Vidro de Sylvia Plath. Este Blog nasceu em 2014 e é dedicado a críticas de filmes, livros, séries e música, sendo que as dos três primeiros contêm spoilers. Boa leitura!

Crítica : Mommy (2014)

 

O diretor canadense Xavier Dolan tem apenas 25 anos, porém já possui uma carreira consolidada com os seus  cinco filmes. Em Eu Matei Minha Mãe, seu primeiro longa, Xavier expõe um lado da sua vida pessoal ao retratar a relação conturbada entre mãe e filho por causa da sua sexualidade. Ao protagonizar o filme, o diretor apresenta a história a partir do seu ponto de vista. Se seu mais novo filme, Mommy, tivesse o título Eu Matei Meu Filho, seria sutil demais para a complexidade que o envolve.
 Em uma Canadá fictícia, a lei S-14 permite aos  pais deixar seus filhos problemáticos aos cuidados do governo a qualquer instante. Steve de 15 anos, é diagnosticado com TDAH e volta a conviver com sua mãe Diane '' Die'', após ser expulso do internato por ter cometido um incêndio na cafeteria do local. Logo no reencontro, notamos o temperamento explosivo de ambos. Antes disso, já somos alertados do teor violento do longa. Diane sofre um pequeno acidente a caminho do internato. O diálogo entre os dois é repleto de humor pesado e demonstração de afeto. De fato, os antagonismos se fazem presentes por todo o filme. Em um momento, Steve xinga a mãe de puta, em outro, presentei-a com um colar (com a inscrição  Mommy) que ela acredita ter sido roubado.
Die tem 50 anos, mas está insatisfeita com a vida que leva e tenta disfarçar isso ao se vestir como se estivesse indo a uma festa, isso logo pela manhã. A violência não se dá apenas de forma física. A psicológica parece deixar as feridas mais abertas. A tela em formato 1:1 causa estranhamento num primeiro momento. Ela serve como um meio de maior aproximação entre o personagem e o espectador, que tenta compreender a imensidão dos protagonistas.
Kyla é vizinha da família, por causa de um trauma passado ela tem dificuldade para falar, apesar disso, torna-se amiga deles e ajuda Steve a se preparar para um exame. A interação entre trio é eletrizante, proporciona momentos tanto divertidos quanto tocantes.



Sem dúvidas, o auge do longa se dá na cena em que a música Wonderwall do Oasis toca, ao passo que Steve abre a tela com as mãos, simbolizando uma nova forma de ver o seu mundo. Dolan abusa dos recursos estéticos para exprimir o estado de espírito do jovem.  Maybe you're gonna be the one that saves me. Steve estava empolgado com o seu progresso nos estudos e com o bom relacionamento que formou com a mãe. No entanto, o futuro tão sonhado que normalmente a mãe planeja pro filho parece não se encaixar na história de Die. Aterrorizada com a  sua incapacidade de tornar isso realidade, ela se vê compelida a entregar seu filho mais uma vez nas mãos do governo.
Xavier Dolan se consagra como um excelente diretor com Mommy. Há os que odeiem seus excessos, porém num filme em que as emoções se afloram brutalmente na tela, eles só parecem se complementarem. Não é à toa que no Festival de Cannes do ano passado, ele compartilhou o Prêmio do Júri com o veterano Jean-Luc Godard. 



Comentários

  1. Não é por conta da sexualidade, a questão é psicológica mesmo. Além de TDAh , Steve tbm tem bordelaine visivilmente.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Popular no Blog...