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Larissa Oliveira
Sergipana e professora bilíngue, admira os mais diversos tipos de arte e já teve seu momento Twin Peaks, além de epifania ao ler o romance que dá nome a este blog, A Redoma de Vidro de Sylvia Plath. Este Blog nasceu em 2014 e é dedicado a críticas de filmes, livros, séries e música, sendo que as dos três primeiros contêm spoilers. Boa leitura!

Crítica: The Panic in Needle Park (1971)


Needle Park é uma praça na cidade de Nova Iorque que servia de lar para os drogados da década de 70, assim como a Estação zoo na Berlim de Christiane F. Uma mesma droga reunia várias pessoas que a adotaram como estilo de vida, a heroína. Em Pânico em Needle Park, Al Pacino está na pele de Bobby, o cara das ruas que se envolve com a máfia, o que seria uma marca na sua filmografia. Ele conhece Helen (Kitty Winn), namorada de um dos seus devedores, aparentemente doente, e se solidariza com ela. Na cena inicial do filme, temos a impressão de que Helen é a primeira drogada que vemos, porém, o seu desespero se dá pela dor causada por um aborto precário que sofreu. Ao ser internada, Bobby não perde tempo ao visitá-la novamente e diz que seu namorado tinha ido embora. Sem querer voltar para casa, Helen e Bobby se tornam companheiros e se mudam para o apartamento dele, próximo à Needle Park.
Helen assiste Bobby se injetar, mas não se intimida. Em seguida, Bobby e a heroína se tornariam suas únicas paixões. Na praça, Helen ouve atentamente os depoimentos dos viciados que andam por lá. A melhor viagem de todas ? A morte. As palavras e os ruídos ambiente de Nova Iorque são os únicos recursos sonoros utilizados no longa. Em algumas cenas, um se sobrepõe ao outro, demarcando a precisão do cotidiano que o diretor Jerry Schatzberg intenta mostrar.


O pânico em Needle Park se faz presente quando Helen e Bobby não conseguem um pico. No espectador, faz-se quando os closes enfatizam o mundo deplorável que a droga proporciona. Em um quarto, um dos usuários quase não consegue tirar a agulha do seu braço, o outro admira a visão que tem disso. Um terceiro está doente por conta da droga, mas o que só ouvimos desse meio sórdido é  Bobby se declarando para Helen. Ao  trabalhar para seu irmão Hank, Bobby é preso por traficar heroína, e o único meio que Helen encontra para sobreviver é se prostituindo, assim como Christiane F. Quando Bobby sai da cadeia, começa a trabalhar para um mafioso e se torna um distribuidor confiável em Needle Park. 
O relacionamento dos dois começa a  se deteriorar quando, após comprar um cachorro para Helen, os dois vão se injetar no banheiro de uma balsa, e o cachorro salta dela enquanto eles estão altos. Buscando meios alternativos para se drogar, ela consegue amostras de um medicamento para os rins e as vende. Ao ser pega, um policial sabendo que Helen estava vulnerável, tenta convencê-la por diversas vezes a entregar Bobby. 
Temendo as condições da prisão feminina que frequentaria se não o fizesse, ela o delata. Ao ser encaminhado ao carro da polícia Bobby grita ''Eu ia casar com você'' frase que ele sempre  dizia desde que se apaixonaram. O amor entre Christiane F e Detlef só durou enquanto havia a droga. Já o futuro de Bobby e Helen permaneceu incerto. Após ser liberado, Helen o esperava do lado de fora do presídio '' Bem?'' pergunta Bobby enquanto caminham, e o filme termina abruptamente. Essa indagação poderia indicar uma dúvida sobre como conseguiriam o próximo pico, sobre como as coisas andavam por Needle Park. Enfim, mesmo  sendo massacrado pela crítica na época de lançamento, por conta do realismo do uso das drogas, o filme abriu portas para a exploração do tema em filmes como Requiem for a Dream (2000). Além de ser um exemplo primordial do novo estilo de filmagem dos anos 70, o cinéma vérité. 
 

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