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Larissa Oliveira
Sergipana e professora bilíngue, admira os mais diversos tipos de arte e já teve seu momento Twin Peaks, além de epifania ao ler o romance que dá nome a este blog, A Redoma de Vidro de Sylvia Plath. Este Blog nasceu em 2014 e é dedicado a críticas de filmes, livros, séries e música, sendo que as dos três primeiros contêm spoilers. Boa leitura!

Crítica: Rope (1948)

Primeiro filme colorido do diretor Alfred Hitchcock, Festim Diabólico  é descrito pelo mestre do suspense como um experimento que não funcionou. No entanto, a trama traz primorosos toques de mistério que envolvem o espectador. Brandon e Phillip são dois jovens de classe média que planejam o crime perfeito, inspirados pelas ideias de Nietzsche que um antigo professor chamado Rupert havia discutido em sala de aula.
O crime se baseia  na superioridade de alguns indivíduos a outros. Para tanto, eles escolhem o ex-colega de classe David, e logo na cena inicial do filme, põem o plano em prática ao enforcá-lo. Um festim no apartamento de Brandon  em homenagem ao aluno assassinado também fazia parte do esquema. A sua família e o professor que instigou o feito foram convidados. O corpo foi colocado em um baú na sala de estar momentos antes da celebração.
Todos se preocupam com o atraso de David, e Rupert começa a suspeitar do papo afiado dos rapazes e do baú. A conversa entre os três volta-se constantemente ao tema assassinato. Phillip fica receoso, contradizendo-se por várias vezes, enquanto Brandon se mantém convicto da sua superioridade e não há dúvidas de que ele foi o mentor de cada detalhe do crime. John Dall incorpora o sociopata Brandon de maneira excelente, de tal forma que torcemos para ele não ser desmascarado. James Stewart é bem conhecido pelos fãs de Hitchcock. Depois de seu personagem em Vertigo, seu papel neste como o sagaz professor é o seu melhor.


O suspense vai ganhando intensidade gradativamente. A sensação de gravação em tempo real, devido à falta de cortes  bem arquitetadas pelo diretor, indica que ao anoitecer o clima esquentaria; além de feixes de luz vermelha vindos de um letreiro do lado de fora do apartamento. Este é o único espaço do longa, e por ser adaptação de uma peça, os diálogos e o  ambiente físico são bastante aproveitados. Os personagens se locomovem constantemente da cozinha para a sala e só temos uma visão completa do baú perto do final, o que aguça ainda mais a curiosidade do espectador.
A mesma corda que os dois utilizaram para enforcar David é usada para amarrar alguns livros que o pai de David leva embora. Os convidados vão partindo aos poucos, porém antes de Rupert ir, a empregada troca o seu chapéu pelo o de David. A partir daí, não há dúvidas de que ele já havia descoberto o assassinato.
Alguns momentos após ter deixado o apartamento, o professor volta alegando que tinha esquecido algo e que deseja tomar alguns drinques com Brandon e Phillip. Ele aproveita e indaga ainda mais sobre o mistério de David, até que bêbado e descontrolado, Phillip se entrega. O clímax acontece de forma rápida, porém o final é satisfatório. Hitchcock arriscou em adaptar uma peça no seu primeiro longa em cores e por retratar uma temática polêmica três anos após o fim da Segunda Guerra Mundial. O filme é livremente inspirado no caso Leopold-Loeb. Um casal alegadamente homossexual que sequestrou  e assassinou um jovem de 14 anos. Não é claro se os protagonistas do longa  são de fato um casal devido à censura daquela época.
Festim Diabólico pode não ter agradado muito o seu criador que só o lançou após três décadas mas os seus métodos   para aumentar a tensão merecem crédito por terem dado certo ao longo do filme. 
  


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