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Larissa Oliveira
Sergipana e professora bilíngue, admira os mais diversos tipos de arte e já teve seu momento Twin Peaks, além de epifania ao ler o romance que dá nome a este blog, A Redoma de Vidro de Sylvia Plath. Este Blog nasceu em 2014 e é dedicado a críticas de filmes, livros, séries e música, sendo que as dos três primeiros contêm spoilers. Boa leitura!

Crítica: Stand by Me (1986)



 O escritor Stephen King é conhecido pelo teor sobrenatural dos seus livros, porém um em especial, é um drama baseado na sua infância. O Corpo, publicado em 1982, ganhou uma adaptação para o cinema quatro anos depois. Dirigido por Rob Reiner e com o título em português de Conta Comigo, o filme narra um acontecimento que mudaria para sempre o destino do garoto Gordie Lachance (Wil Wheaton). Quando tinha entre 12 e 13 anos, ele andava com uma turma de amigos de personalidades opostas. Chris Chambers (River Phoenix) líder do grupo, tinha fama de ladrão pela cidade e ninguém, inclusive ele, acreditava no seu futuro. Teddy Duchamp (Corey Feldman) era o esquisitão entre os rapazes. Seu pai foi soldado e estava internado em um manicômio. Vern Tessio (Jerry O'Connell) era o gordinho  e  mais infantil  de todos. A turma carregava mágoas consigo, no entanto, é na ferida aberta de Gordie que a história é focada. Seu irmão havia falecido há 4 meses, e desde então, sua imagem de garoto invisível piorou entre os pais. Em uma cena tocante, o seu pai diz que preferia vê-lo no lugar do filho enterrado. 
Sua chance de  ganhar reconhecimento aparece quando Vern, após ouvir do irmão sobre a localização de um garoto morto e desaparecido, convence os rapazes a encontrarem o corpo e se tornarem os heróis da cidade. O que faz desse filme um eterno clássico é a precisão em retratar a transição de criança para pré-adolescente. Que garoto nunca quis bancar o super-herói?  Eles mentem sobre dormir um na casa do outro para os pais e juntos embarcam pela floresta atrás do corpo do menino. Os diálogos demarcam bem essa transição. O assunto vai desde o Pateta até sobre os seios de uma garota.  Quando um dono de uma oficina chama Teddy e seu pai de loucos, ele o defende, mesmo após seu pai ter queimado a  sua orelha no fogão. Em uma cena em que estão reunidos perto da fogueira, Chris abandona seu estilo durão por um momento, e desabafa sobre a impossibilidade de ser alguém importante. 
Nessa fase é muito comum tentar descobrir quem você é e se sentir perdido. O sonho de Gordie era ser escritor, sua criatividade é notada quando inventa a história de um menino num concurso de tortas. Se não fosse pela força da amizade que aquele episódio propiciou, Gordie jamais teria realizado seu sonho e tornado-se um escritor famoso por conta do livro baseado nele. 
Os garotos se separam após a pequena aventura. Chris e Gordie ainda seriam amigos até um certo tempo. A notícia da morte de Chris é ironicamente triste. Para os fãs de River Phoenix, não há como não se emocionar com a cena em que sua imagem desaparece da tela após se despedir de Gordie. O ator morreria de overdose anos mais tarde. Todos nós guardamos com carinho a memória de algum amigo de infância. Qual seria a conclusão que Gordie chegaria ao saber da morte daquele amigo que o inspirou tanto uma vez?
 Talvez que aquela aventura não serviu apenas como um passatempo, ela também era uma descoberta de si mesmo através de uma verdadeira amizade. Afinal, não se tem amigos e as mesmas aventuras como quando tínhamos 12 anos.






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