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Larissa Oliveira
Sergipana e professora bilíngue, admira os mais diversos tipos de arte e já teve seu momento Twin Peaks, além de epifania ao ler o romance que dá nome a este blog, A Redoma de Vidro de Sylvia Plath. Este Blog nasceu em 2014 e é dedicado a críticas de filmes, livros, séries e música, sendo que as dos três primeiros contêm spoilers. Boa leitura!

Crítica: I'm Still Here (2010)


Para quem acompanha a carreira do ator Joaquin Phoenix, assistir ao documentário Eu Ainda Estou Aqui,  gera um tanto desconforto. Isso porque o ator desconstrói  sua imagem pública de tal forma que não sabemos o que é real e o que foi combinado na obra. O documentário é na verdade uma farsa, gênero cinematográfico conhecido como Mockumentary, sob direção do ator/diretor, Casey Affleck. Porém, se não levar em conta algumas partes superficiais, encontram-se alguns momentos que revelam a natureza reflexiva do ator. Na abertura, por exemplo, vemos o pequeno Joaquin se preparando para mergulhar em um rio. Do ponto de vista simbólico, acredito na referência ao seu falecido irmão River (rio em português) — que sofreu muito com a pressão da sua carreira de ator . Joaquin está conectado à carreira artística desde cedo, e assim,  é fácil perder sua identidade quando você não tem outros meios de poder construí-la completamente. Acompanhamos o amadurecimento dele como ator, mas desconhecemos o seu "eu" fora das telas. Por isso, estranhamos seu total desleixo visual e moral apresentados neste falso documentário. Sua longa barba, e seu egocentrismo ganham destaque. Joaquin alega o fim de sua carreira de ator para se tornar cantor de Rap. A mídia e o público recebem esse novo Joaquin ( agora JP ) com desdenho. Vídeos no YouTube de pessoas imitando o seu estilo desleixado viralizam. Até outros atores se caracterizam da mesma forma.


Não sabemos se seu abuso químico, e  várias noites de sexo fazem parte de seu cotidiano. Isso não tem tanta relevância se considerar a crítica que Affleck propõe. O seu sonho de se tornar astro do rap é o que soa realmente falso. Suas letras são de gosto questionável, e sua rejeição por parte de produtores chega a ser engraçada. O documentário foi massacrado pela crítica por esse motivo. O ano perdido de Joaquin Phoenix, como ele também é denominado, foi apenas avaliado por essa brincadeira do indicado ao Oscar. Que ator abandonaria sua carreira no auge para ser motivo de piada? Com sua imagem transformada, Joaquin aproveita para falar o que pensa em entrevistas, como a memorável concedida a David Letterman,e não tem receio ao dizer que a vontade de atuar se foi. Isso poderia ter custado papéis futuros, no entanto, ele também afirma que não quer ser entendido de forma errada. Joaquin estava apenas descendo um pouco da montanha da fama. Sua intenção não era chegar ao fundo do poço, mas sim estar em um nível em que pudesse compreender a distância entre estar no topo e lá embaixo. 
Se você entende as referências geniais desse documentário, dificilmente achará que sua montagem não muito atrativa é um empecilho para assisti-lo. Joaquin Phoenix encerra  a obra mergulhando em um rio novamente. Dessa vez, percorre por ele vagarosamente, talvez o mergulho dos irmãos Phoenix na vida de ator pudesse ter sido feito da mesma maneira.


Comentários

  1. Vi este filme somente recentemente. Me recordo na ocasião (2009) dos rumores sobre a mudança de visual de Joaquim, hábitos etc. Gostei do documentário, ou mockumebtario. Realmente possui questionamentos que pude trazer para minha própria vida. Obrigado e parabéns pela crítica sensível.

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  2. Muito obrigada pela visita, desculpe a demora em visualizar, abraços!

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