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Larissa Oliveira
Sergipana e professora bilíngue, admira os mais diversos tipos de arte e já teve seu momento Twin Peaks, além de epifania ao ler o romance que dá nome a este blog, A Redoma de Vidro de Sylvia Plath. Este Blog nasceu em 2014 e é dedicado a críticas de filmes, livros, séries e música, sendo que as dos três primeiros contêm spoilers. Boa leitura!

Crítica: The Danish Girl (2015)



Não é novidade que Hollywood vem apostando cada vez mais em produções que retratem questões de gênero e sexualidade. Porém, erram feio ao não oferecer uma real representatividade a pessoas que apresentam identidades que fogem à norma, tornando as obras pouco empoderadoras. Com A Garota Dinamarquesa não foi diferente. O filme baseia-se na história real do pintor* Einar Wegener (Eddie Redmayne), primeira pessoa conhecida a realizar a cirurgia de mudança de sexo, isso há quase um século. 
O longa apresenta uma fotografia impecável, mesmo que o lugar em que Einar vive com a sua esposa Gerda Wegener (Alicia Vikander) lembre muito os mesmos de outros filmes do diretor Tom Hopper. É ali que ocorre o momento de epifania do artista. Gerda, que também é pintora, pede para que ele pose como um modelo feminino. Ao fazê-lo, desperta-se a mulher que até então estava adormecida no corpo do artista. É uma cena bonita, de fato, no entanto, não compensa o ar caricatural que o filme assume a seguir. O diretor estava muito mais preocupado em mostrar as etapas que a agora Lili Elbe percorreu até a cirurgia, do que em sensibilizar o público. A escolha de um ator cis só acentua a falta de profundidade da obra. Em um tempo que as questões de gênero vêm ganhando mais notoriedade, seria papel fundamental do cinema retratá-las com a sua devida atenção. O que se nota nessas obras recentes, como em Dallas Buyers Club em que Jared Leto interpreta uma trans, é que escolher atrizes trans nos papéis desafia o status quo de Hollywood. A partir do momento em que as produções entenderem que essas pessoas, por muito tempo desumanizadas pela sociedade, merecem ganhar mais espaço, como também mostrar que a transição vale sim a pena, esse quadro se alterará.


A carga emocional do longa fica por conta da esposa de Lili. A atuação de Alicia é, sem dúvida, visceral. A sua confusão e aceitação em torno da situação, é o que o espectador que vivenciou de alguma forma o mesmo, pode  sentir de mais real no filme. Nem sabemos o que motivou a cirurgia de Lili, além de que, a bissexualidade de Gerda foi omitida. É evidente a superficialidade da obra. Para quem não é familiar com a temática, será só mais um filme em que um homem se veste de mulher. E para quem é, será uma frustração ver que a representatividade foi silenciada mais uma vez no mundo cinematográfico. 



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