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Larissa Oliveira
Sergipana e professora bilíngue, admira os mais diversos tipos de arte e já teve seu momento Twin Peaks, além de epifania ao ler o romance que dá nome a este blog, A Redoma de Vidro de Sylvia Plath. Este Blog nasceu em 2014 e é dedicado a críticas de filmes, livros, séries e música, sendo que as dos três primeiros contêm spoilers. Boa leitura!

Crítica: The Basketball Diaries (1995)



Se tem um movimento cultural difícil de ser adaptado fielmente às telas do cinema, é o da Contracultura  do século XX. A Geração Beat, que era o expoente desse movimento, já teve alguns livros transformados em filmes. A grande parte deles peca nesse ponto. O livro Diários de um Adolescente, que anos mais tarde inspiraria o filme homônimo, enaltece a escrita desse período. Baseado na história real do escritor e músico Jim Carroll, o longa retrata o seu auge e a sua decadência como jogador de basquete devido às drogas. O livro é ambientando na década de 60, já o filme se localiza na Nova Iorque dos anos 90. Isso já é um grande impasse para retratar a obra fielmente, porém, a presença de Leonardo Dicaprio no papel de Jim, proporciona o ar rebelde que poderia ter sido bem mais explorado ao longo do filme.
Ao lado de seus amigos, Jim se destaca no time de basquete da escola. Após os treinos, os rapazes passam o tempo se aventurando pelas ruas de Manhattan. Quando está só, Jim escreve sobre o mundo ao seu redor em seu diário, de forma poética. Alguns trechos são narrados ao decorrer do longa, no entanto, não transmitem a emoção que é demandada por essa forma de escrita. Ainda assim, temos momentos em que somos transportados para o interior do personagem. Os seus relatos sobre o uso da heroína soam como se Jim fosse o filho do poeta da Geração Beat, William Burroughs. ''Eu só quero ser puro''  escreve Jim sobre a droga. 



Se o motivo do personagem para se picar foi o de lapidar a sua escrita, o de tantos outros retratados em filmes junkie, também é o de conseguir algo além do seu alcance. A atuação do Dicaprio se torna mais visceral à medida que Jim se deteriora. O ápice de seu desempenho se nota na cena em que ele retorna à sua casa e implora por dinheiro à sua mãe. Jim se limpa por um tempo com a ajuda de um ex-viciado, mas logo retorna ao vício. Só após ser preso, é que ele decide dar outro rumo a sua vida.
Apesar dos defeitos do longa, ele é um dos meus favoritos por ter sido transportado para outra época. A ambientação nos anos 90, torna o filme mais próximo à estética underground daquele tempo. Curiosamente, o ator River Phoenix, que morreu dois anos antes do lançamento do filme por overdose, foi cotado para o papel de Jim quando o projeto do filme passava de produtor para produtor no início da década. Claro que se tivesse sido adaptado à década de 60, teríamos mais traços ligados ao livro, porém sendo fiel ou não, vale a pena conferir Leonardo Dicaprio em uma das suas primeiras grandes atuações. 


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