Crítica: Califórnia (2015)
Há décadas que são marcadas por fatos que sempre que ouvimos falar sobre elas, logo nos remetemos a esses fatos. A década de 80 no Brasil é lembrada, entre vários ocorridos, pelo rock nacional, como também pela descoberta da aids. É no seu primeiro longa-metragem que a ex-VJ da MTV, Marina Person, registra a atmosfera adolescente dessa época em meio a esses fatos. Califórnia conta a história da jovem Estela (Clara Gallo), que conta os dias para poder visitar o seu tio Carlos (Caio Blat) no estado norte-americano da Califórnia. Enquanto esse dia não chega, ela divide o seu tempo entre conversar com suas melhores amigas sobre o cara que paquera na escola e ouvir seu maior ídolo, David Bowie. Aliás, a trilha sonora é o ponto alto do longa. A cena post-punk ganha destaque com artistas como Siouxsie and The Banshees, Cocteau Twins e Echo & The Bunnymen. Apesar da grandiosa seleção musical do filme, ele peca no roteiro. Quando Carlos retorna ao Brasil sem explicar o motivo à Estela, descobrimos aos poucos que ele havia contraído o vírus HIV. Acreditamos que o tema, tão delicado, principalmente naquela década, vai se tornar o principal foco do filme. No entanto, ele logo se altera para o romance entre Estela e um colega de classe.
Após se decepcionar com o cara de quem gostava, Estela se aproxima do seu colega JM (Caio Horowicz). Ele é uma mistura entre o personagem de Louis Garrel na obra francesa La Belle Personne e algum personagem masculino criado por John Hughes. É a paixão pela música que os une primeiramente. O romance entre os dois proporciona as cenas mais legais do filme, como uma rápida discussão sobre a orientação sexual dele. Califórnia pode ser considerado um filme clichê sobre a década de 80, porém deve ter despertado nostalgia em várias pessoas que não só viveram nela, mas também, nas que se identificaram facilmente com a protagonista. É possível que o longa tenha sido baseado na própria adolescência da Marina Person. Para mim, o filme me ganhou por eu ter sido muito fã da Marina na época da MTV e pelas várias referências musicais, especialmente ao astro David Bowie, falecido há pouco tempo.
Comentários
Postar um comentário