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Larissa Oliveira
Sergipana e professora bilíngue, admira os mais diversos tipos de arte e já teve seu momento Twin Peaks, além de epifania ao ler o romance que dá nome a este blog, A Redoma de Vidro de Sylvia Plath. Este Blog nasceu em 2014 e é dedicado a críticas de filmes, livros, séries e música, sendo que as dos três primeiros contêm spoilers. Boa leitura!

Crítica: Suffragette (2015)



Você sabia que as mulheres na Arábia Saudita só conseguiram o direito ao voto em 2015? E que elas só podem votar com autorização do marido? Pois é, em vários lugares as mulheres só conquistaram esse direito tardiamente, sem falar de outros que nos são necessários. É no início do século 20 que o sufrágio ganha mais discussões e une mulheres dispostas a lutar pela sua aprovação. Na Inglaterra, o movimento das sufragistas ganha muita força por conta da ativista  Emmeline Pankhurst, e é sobre como ele se desenrola que a obra dirigida por Sarah Gavron é direcionada. O filme não foca no início da revolução, mas sim já no seu auge, quando a sociedade já sabia quem eram as sufragistas e elas já tinham ido às ruas várias vezes. Porém, o governo não estava disposto a deixar que elas falassem por si próprias. As ativistas eram silenciadas violentamente em seus protestos e por desafiarem o papel da mulher naquele tempo, eram difamadas pela população. 
A revolução industrial aglomerou muitas pessoas na cidade, e consequentemente o pensamento crítico, devido à reflexão das suas condições, impulsionou um maior número de mulheres no movimento sufragista. Em uma das fábricas, Maud Watts (Carey Mulligan) convive com um patrão abusador e uma colega de trabalho sufragista, ao mesmo tempo. Ao presenciar um motim realizado por ela, Maud começa a questionar o seu lugar na sociedade e se vale a pena se integrar à luta. A partir daí, o filme é abordado pela perspectiva da personagem, que aos poucos se torna uma sufragista destemida.É nesse aspecto que a expectativa que criamos com o longa decepciona. Por ser retratado apenas por um ponto de vista, somos limitados a um panorama menor do quão realmente imenso esse momento na história foi. Entretanto, o filme ainda te envolve por trazer um tema que ainda hoje nos sensibiliza. É na sua primeira prisão que Maud conhece Emily Davison (Natalie Press) a ativista mais próxima da tão admirada Emmeline Pankhusrt (Meryl Streep). Outra coisa que o filme peca é em não aproveitar essa relevante personagem. Sua única aparição na bancada de um prédio é rápida, mas seu discurso é poderoso, principalmente para a iniciante Maud. 



Mesmo diante de uma frente organizada, com depoimentos dados à Corte, o pedido do direito ao voto é negado. Edith Ellyn (Helena Bonham Carter) mostra-se resistente e influencia suas companheiras a tomarem medidas mais radicais. Em uma das suas inúmeras prisões, ela se junta a outras sufragistas em uma greve de fome. Elas acabam sendo sujeitadas à alimentação forçada, mostrando como o governo temia a atenção da mídia para o movimento. Afim de atrair essa atenção para que finalmente fossem ouvidas, Emily e Maud decidem ir a uma corrida de cavalo, na qual o rei George V estaria presente. Lá, as coisas não saem como planejado. Com o objetivo de atrair as câmeras para uma bandeira da causa, Emily entra na pista de corrida e acaba sendo pisoteada pelo cavalo do rei. Embora as personagens  Maud e Edith serem inventadas, o acidente de Emily foi real e ela tornou-se o grande mártir do movimento. Milhares de ativistas acompanharam o seu enterro, o que atraiu o foco da mídia. O voto feminino no Reino Unido só é concebido mais de uma década depois, no entanto, a luta dessas mulheres foi fundamental para que isso se realizasse não só no seu país, como também exerceu grande influência em tantos outros. O longa exclui a participação de mulheres negras e indianas, a alegação da produção é a de que não há registros delas na época em que se passa o filme. Se esse argumento é plausível ou não, o que se ganha com a obra é um registro parcial da resistência feminina, poucas vezes reconhecida, mas que sempre causa muito barulho na sociedade. A resistência é atemporal, há lugares em que quase não há direitos para mulheres, outros que os subjugam.
 “Não estamos aqui por sermos infratoras da lei; estamos aqui por um esforço para nos tornarmos as feitoras da lei” . 
— Emmeline Pankhurs

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