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Larissa Oliveira
Sergipana e professora bilíngue, admira os mais diversos tipos de arte e já teve seu momento Twin Peaks, além de epifania ao ler o romance que dá nome a este blog, A Redoma de Vidro de Sylvia Plath. Este Blog nasceu em 2014 e é dedicado a críticas de filmes, livros, séries e música, sendo que as dos três primeiros contêm spoilers. Boa leitura!

Crítica: The To Do List (2013)



Não é novidade que ainda há pouco espaço para protagonistas femininas construídas por um viés mais amplo que saia do lugar comum. É verdade que muitos diretores já exploraram o universo feminino a partir do seu olhar, porém, por mais que haja quebra de tabus, como em Ninfomaníaca do Lars Von Trier, ainda assim, ele encontra-se limitado e sujeito à propagação de outros. Se há um olhar feminino, mesmo que alguns lugares não se rompam, cria-se uma maior afinidade com o público do gênero e há aquelas histórias em que apesar do modelo de mulher ser padrão, a forma com que ela lida com tal aspecto é aceitável, porque o mais importante nesses papéis é que a mulher por ela mesma seja dona de si e do que acredita. É o caso de Cléo de 5 à 7 da diretora Agnès Varda. 
Ao falar do gênero comédia, é provável que o papel da mulher seja repleto de estereótipos. A fim de rompê-los, a estreante cineasta Maggie Carey traz a belíssima e despretensiosa Aubrey Plaza em um papel que apesar de inicialmente clichê, revela-se instigante e de fácil identificação. No nostálgico início da década de 90, Brandy Clark (Aubrey Plaza) é a cdf, garota certinha da turma que ao perceber que todos seus colegas já transaram, decide perder a virgindade com aquele tipo de cara que nos vendem como o ideal. Até aqui a história aparenta ser enfadonha e apenas uma cópia de um besteirol americano na versão feminina. Sim, o longa precisa desses estereótipos para justamente caçoar deles e dizer que  a sexualidade feminina também pode ser retratada de forma divertida e a partir do ponto de vista da própria mulher. O filme não tem nem de longe o tom entediante porque podemos finalmente nos identificar com as aventuras de Brandy, não exatamente da forma que se retrata, mas de maneira que também passamos por confusões e descobertas sexuais. 


O roteiro do longa foi bastante criticado e rejeitado lá no exterior por conta de sua linguagem explícita. É fácil de se imaginar tal repulsa uma vez que a protagonista feminina é destemida em explorar sua sexualidade através de uma lista dividida em qual aventura sexual deseja praticar e com quem. Brandy continua com seu jeito nerd, atrapalhada e independente mostrando um contraste das personagens de filme de comédia com um male gaze, que alteram suas personalidades e estilos a fim de atraírem o cara que desejam. Transmitindo assim, uma imagem de mulher superficial que ainda vende bem em Hollywood. Por ser feminista, Brandy sabe que sua vida sexual não é o que a define e que por mais que haja a pressão social em perder a virgindade na adolescência, ela não a sente e sua determinação soa natural.Ao fim do filme, a sororidade feminina ganha vez deixando aquela mensagem de friends before guys que sabemos bem o quanto é importante. As outras personagens femininas podem ter sido mal exploradas, porém, a personagem de Aubrey Plaza abre um espaço inovador nas comédias por empoderar naturalmente uma mulher que precisa de um homem como um peixe precisa de uma bicicleta. 


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