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Larissa Oliveira
Sergipana e professora bilíngue, admira os mais diversos tipos de arte e já teve seu momento Twin Peaks, além de epifania ao ler o romance que dá nome a este blog, A Redoma de Vidro de Sylvia Plath. Este Blog nasceu em 2014 e é dedicado a críticas de filmes, livros, séries e música, sendo que as dos três primeiros contêm spoilers. Boa leitura!

Crítica: The Night Porter (1974)



Diversas obras do mundo cinematográfico já retrataram uma relação doentia entre casais. O diretor mexicano Luis Buñuel ambientou o tema a partir de diferentes ângulos durante sua fase francesa. Em Tristana, a protagonista encontra-se em um tempo e lugar em que a subordinação a um homem mais velho e rico era a única escolha para obter uma vida estável. Porém, como é de praxe na filmografia do diretor, a relação de dependência ganha outros contornos e um jogo de mútua vingança se sobressai.No caso da obra da diretora Liliana Cavani, The Night Porter ou O Porteiro da Noite, em português,a relação doentia entre o casal protagonista não é superada e sim fomentada de maneira exagerada. Charlotte Rampling, um dos rostos mais bonitos de Hollywood, encarna uma jovem prisioneira de um campo de concentração nazista cuja beleza singular cativa um oficial da SS alemã e ele a sequestra  a fim de torná-la sua escrava sexual. 
O longa é filmado em ricos tons escuros que mesclados com o silêncio existente na relação masoquista  da prisioneira, Lucia e o oficial, Max, oferece a sensação de constante desconforto. Apesar da intenção de romantizar essa relação, o close nas inexpressões faciais de Lucia transmite uma ideia oposta, a de repulsa ao que assistimos. As interações entre os dois são apresentadas através de flashbacks, uma vez que o filme se passa uma década após a Segunda Guerra Mundial. Lucia está casada e o silêncio de sua adolescência se rompe numa voz grave e gelidez que se opõem a imagem de menina vulnerável. Sua estabilidade é interrompida ao descobrir que o porteiro do hotel em que se hospedou com o marido era Max. 



Não demora muito para que a tensão entre os dois resulte em encontros às escondidas. Quando estava no campo de concentração, Lucia via inicialmente uma figura autoritária e amedrontadora, porém sua vulnerabilidade e falta de expectativas futuras a prendem nessa relação, que como visto, não é superada mesmo anos depois. The Night Porter não é uma história de amor. É uma história sobre indivíduos que sentem prazer em infligir a dor um no outro. Assim como nos longas de Buñuel, a personagem feminina se sobressai em uma parte do filme. Lucia ainda se subordina aos maus-tratos de Max, mas ela também se impõe e assim como no filme de Michael Haneke, La Pianiste, a necessidade por dor física culmina em violência gratuita. 
Para entender melhor o que levou ambos a tamanho absurdo, seria cabível uma análise mais profunda. No entanto, a imagem revela muito sobre o que essa relação representava e o final do filme corrobora a ideia hollywoodiana de romantizar um final triste de uma história de amor. Se essa foi a intenção da diretora, ela não impede outros olhares sobre o filme. 
Por mais que a obscuridade do longa não agrade muitos, não há como negar que Charlotte Rampling deixou uma marca erótica na cultura pop, sendo referenciada no vídeo musical de Justify My Love da Madonna e por Siouxsie Sioux, vocalista do Siouxsie and The Banshees, em um ensaio fotográfico.



Siouxsie Sioux




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